Sindicato dos Trabalhadores do
Poder Judiciário Federal no Rio Grande do Norte

Roberto Heloani participará do Seminário Nacional da Fenajufe sobre Saúde do Servidor

terça-feira, 7 de outubro de 2014.

A saúde do trabalhador é um tema que tem merecido cada vez mais estudos, pois o adoecimento vem crescendo muito a partir das novas relações laborais. No serviço público a questão também é grave, sobretudo com a absorção da lógica capitalista do modelo de relações de trabalho utilizada na iniciativa privada. Para aprofundar esse debate, será realizado o II Seminário Nacional da Fenajufe sobre Saúde do Servidor e PJe (Processo Judicial Eletrônico), nos dias 10 e 11 de outubro, no Hotel Nacional, em Brasília. Um dos palestrantes, o professor e pesquisador da Unicamp na área de Gestão, Saúde e Subjetividade, Roberto Heloani, antecipou aqui algumas questões que serão abordadas no seminário, principalmente com relação ao assédio moral.

O professor Roberto Heloani destaca que o mundo do trabalho mudou muito no que diz respeito à forma de organização. O próprio modelo de organização prega o trabalho coletivo, mas os processos de metas e as avaliações individuais forçaram as principais mudanças nas relações de trabalho. Segundo ele, isso é um perigo porque a remuneração por resultado acaba submetendo ao desempenho e cria competição interna no próprio grupo, além das competições externas. Isso causa na cabeça das pessoas uma sensação de guerra constante. Esse é o modelo indutor de agressão, desde as mais grosseiras e explícitas até aquelas bem sutis, acompanhadas de elogio, com grande cinismo. Sem dúvida, a competição acirrada é um dos principais fatores que favorecem o aparecimento do assédio moral, que está cada vez mais sofisticado e complexo, mas extremamente destrutivo.

Esse modelo de organização do trabalho tem como característica muito forte a solidão, pois mesmo rodeado de pessoas, o trabalhador sente-se verdadeiramente só. Para aguentar o trabalho, há muitas pessoas fazendo uso de drogas, segundo relata o professor Heloani. Relatórios internacionais afirmam que, até o ano de 2020, a segunda causa de afastamento do trabalho será o transtorno mental, sendo que a mais recorrente será a depressão.

Segundo Heloani, no mundo do trabalho há um verdadeiro fetiche com relação a metas. Ele ressalta que “quando há metas, ela sempre tende a se tornar maior, pois há impressão de que a organização nunca está contente com os resultados obtidos”. O professor lembra que “há 30 anos, o modelo de gestão estava focado no processo, mas no modelo pós-moderno o que importa é o resultado, não importando como ele foi alcançado. E isso é perigoso”.

Praticamente em todas as áreas, o número de casos de assédio está diretamente relacionado a metas. Para Heloani, “isso é inadmissível e está gerando, inclusive, um crescimento na quantidade de suicídios em função de humilhação e desestruturação familiar em decorrência do assedio, pois a tendência é que a pessoa assediada desconte nas pessoas mais próximas, destruindo o individuo e sua relação com a família e até com os melhores amigos.

O professor destaca ainda que o medo de ser ridicularizado por não cumprir metas faz com que as pessoas suportem pressões impensáveis, principalmente os homens. “Vivemos numa sociedade machista e o homem suporta o assédio porque seria vergonhoso pedir ajuda, por isso ele só pede socorro, muitas vezes, quando já está completamente desestruturado. Além disso, em muitas situações, até a própria esposa desconhece que o marido sofre assedio. Com isso, ele acaba de perder o último espaço de confiabilidade. A literatura mostra vários exemplos de famílias que se desestruturaram em virtude de assedio moral.”

As novas gerações

Roberto Heloani afirma que muitos jovens que estão entrando no mercado do trabalho agora e se deparam com o assédio tendem a considerá-lo normal pela despolitização e pelo desconhecimento dos seus direitos. Alguns sequer percebem que têm direitos e não conhecem as reais relações entre capital e trabalho. “Isso é fruto do neoliberalismo, que prima por analisar os fatos a-historicamente, fazendo com que os jovens não percebam que estão sendo sugados”, afirma.

Na avaliação do professor, “é muito preocupante essa visão distinta da geração nova, que confunde direitos com privilégios, que reproduz mais o discurso procapital do que trabalho”. Ele relata o que vem acompanhando com sua experiência nessa área: “A gente começa a ver, em alguns setores, uma reação. O corpo é o primeiro a sentir. Já há jovens de menos de 30 anos com somatizações graves. Mesmo sem ser politizado, o jovem acaba percebendo porque está sofrendo e, ainda que tardiamente, acaba vendo que é vitima.”


Programação do Seminário

10/10/2014 – sexta-feira

08h00 - credenciamento

09h00 - Mesa de abertura com representantes da Fenajufe e entidades presentes.

09h30 – Reestruturação Produtiva no PJU: Realidade das condições de trabalho e saúde de servidores e magistrados, metas, processo eletrônico e qualidade da prestação jurisdicional.

Painelistas:

Antônio César Bochenek – Presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil - Ajufe
Paulo Luiz Schmidt - Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho - Anamatra
João Ricardo dos Santos Costa - Associação dos Magistrados Brasileiros - AMB
Dionizio Gomes Avalhaes – Federação Nacional dos Servidores do Judiciário nos Estados - Fenajud
Fenajufe
12h00 – Intervalo para almoço

14h00 – Novos modelos de gestão e saúde no trabalho – (metas/intensificação, gestão por competência, GD).

Painelista:

Álvaro Merlo – professor e médico do trabalho atua na área de Psicologia, com ênfase em Psicodinâmica e Clínica do Trabalho e na área da Medicina, com ênfase em Medicina do Trabalho.
16h00 – Intervalo para o lanche

16h30 – Saúde das servidoras e servidores em tempos de intensificação tecnológica do trabalho, gestão por competência e teletrabalho: diagnóstico e medidas de prevenção.

Painelista:

Rogério Dornelles – médico, pós-graduado em medicina do trabalho e assessor do Fórum de Saúde do Trabalhador e pesquisador em colaboração com o Laboratório de Psicodinâmica do Trabalho.
Debatedores:

Luiz Cláudio Silva Allemand - Presidente da Comissão Especial de Direito da Tecnologia e Informação da OAB
Bráulio Gabriel Gusmão – Juiz auxiliar da presidência do CNJ
Fenajufe
18h30 – Encerramento

11/10/2014 – sábado

09h30 – Experiências dos estados: apresentação das pesquisas e trabalhos realizados

Painelistas:

Apresentação dos sindicatos inscritos
Álvaro Merlo (pesquisa UFRGS com OJs da JF)
12h30 – Intervalo para almoço

14h00 – Novos modelos de gestão: novos modelos de violência e intensificação do assédio moral.

Painelistas:

Roberto Heloani - professor Titular e pesquisador da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas, na área de Gestão, Saúde e Subjetividade e professor conveniado junto à Université de Nanterre (Paris X).
Teresinha Martins - professora Adjunta A da UniRio e coordenadora do Grupo de Extensão “Assédio Moral no Trabalho”, PROEXC-Unirio.
16h00 – Intervalo para o lanche

16h30 – Conclusões: apresentação de propostas/diretrizes para a elaboração de documento a ser apresentado no VIII Encontro Nacional do Poder Judiciário organizado pelo CNJ e para o MPU.

19h00 – Encerramento e entrega de certificados

Fonte: Fenajufe

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