Sindicato dos Trabalhadores do
Poder Judiciário Federal no Rio Grande do Norte

Os desafios da comunicação sindical hoje

terça-feira, 12 de novembro de 2013.

A comunicação sindical enfrenta novos desafios após as manifestações de junho. Ali, vimos uma comunicação dinâmica, instantânea, que furava a mídia de grande circulação, segundo a segundo.

Informações processadas naquele momento. Quantos de nós, além de estar nas ruas, acompanhou também tudo pelas redes sociais? Informações, opiniões, uma rede de solidariedade manifestada aos que sofriam repressão. Quantas curtidas demos ao ver fotos, comentários e vídeos postados nas redes? Quando identificávamos a mesma bandeira de luta que a nossa – ou cartaz, já que as bandeiras foram rechaçadas, aos comentários otimistas daqueles dias, às imagens que mostravam a grandiosidade daqueles dias.

O acesso às redes se ampliou nas manifestações de junho. Mais pessoas buscaram ou intensificaram suas relações com aquele meio de comunicação. E, de fato, elas passaram a ocupar um novo lugar como ferramenta de troca de informações. Não que já não ocupassem. Vimos tão recentemente o papel que cumpriram nas mobilizações do norte da África, por exemplo. Egito e Turquia foram exemplo dessa expressão das possibilidades dos novos meios.

Essa situação implicou em desafios para o movimento sindical, que muitas vezes vê os meios de comunicação de forma tradicional. É possível usar as redes para se aproximar dos trabalhadores de base? É possível aproveitar as redes para buscar mais informações sobre a respectiva base a partir do que postam os trabalhadores? É possível utilizá-la como reforço para a organização de base? Esse meio de comunicação tornou-se mais importante que os outros. Alguns dizem que sim.

Mas é necessário compreender que os processos da comunicação são mais amplos. De fato, o nosso desafio não é somente aprender a lidar com as redes sociais, mas aprender a articular os diversos meios para cada demanda que nos é sugerida.

Atualmente, as possibilidades de comunicação com os trabalhadores são inúmeras, muito superiores às que existiam há 30 anos, por exemplo, na época das grandes greves do ABC. Naquela época dirigir uma categoria nacional era bem mais complicado do que hoje, quando contamos com a existência de e-mails, das teleconferências e mesmo dos boletins eletrônicos, que em segundos alcançam todo o país.

O que era imprensa sindical se transformou numa poderosa comunicação sindical, diante do universo de possibilidades. Quando discutíamos imprensa sindical nos referíamos a jornais, boletins, cartazes e filipetas. Atualmente a comunicação aborda, além desses, assessoria de imprensa, internet, vídeos, cartilhas, rádio, campanhas e outras possibilidades. Cada qual com sua linguagem e seu público. É preciso pensar que a comunicação sindical pode atingir uma categoria de trabalhadores, sua família, a sociedade. Entretanto, como é uma comunicação com um discurso contra-hegemônico, é preciso pensar também no adversário.

A comunicação sindical é uma arma em potencial nas mãos dos trabalhadores para defender sua ideologia, sua política. Entretanto, é necessário saber usá-la. Atualmente, as possibilidades são inúmeras. Ainda mais com a entrada em cena da internet, do mundo virtual, das redes sociais e das produções de baixo custo.

Mas essa vastidão de possibilidades está acompanhada por uma mídia cada vez mais poderosa e por uma comunicação empresarial cada vez mais aprimorada, disposta a se utilizar dos meios pertinentes para conquistar os corações e mentes dos trabalhadores e, assim, implantar a política neoliberal nos locais de trabalho.

Diante de um opositor grandioso, é imprescindível saber ajustar e integrar todos os elementos que compõem a comunicação: texto claro e objetivo, palavras compreensíveis, abordagem próxima da realidade do trabalhador; imagens que chamem a atenção, assim como boas locuções se o caso for o rádio, por exemplo.
A integração entre diretoria, jornalista e trabalhador também é fundamental para o êxito dessa comunicação. Por isso, não pode ser menosprezada.

São inúmeros os aspectos que compõem a comunicação sindical. É preciso vasculhá-los, conhecê-los. É preciso tornar-se íntimo de cada um deles. Saber qual o melhor momento para usá-los. Só dessa maneira consegue-se fazer uma boa comunicação sindical. E, assim, conquistar corações e mentes dos trabalhadores.

Fonte: Conjur
Escrito por Claudia Costa – Jornalista da CSP-Conlutas e professora do curso de pós graduação de Comunicação Social da FMU.





Clique Aqui para voltar.