Sintrajurn divulga moção de apoio à greve dos rodoviários de Porto Alegre
terça-feira, 4 de fevereiro de 2014.
A situação do transporte público na maioria das cidades brasileiras vai de mal a pior. Ônibus lotados e sucateados, tarifas altíssimas e insegurança já fazem parte da rotina da população trabalhadora. Para piorar, os empresários de ônibus – que operam as concessões públicas há décadas sem licitação, lucrando fartamente em um serviço que deveria ser 100% público – demitem rodoviários, arrocham seus salários e abusam na jornada e na falta de condições dignas de trabalho.
Na manhã da segunda-feira, 27 de janeiro, os rodoviários de Porto Alegre deflagraram greve, mantendo 30% da frota em circulação. A medida extrema foi tomada diante da intransigência dos empresários em não negociar, sendo, então, a única forma de atendimento das reivindicações da categoria.
Sem avanços na negociação, a categoria dos rodoviários ameaça paralisar 100% da frota, ou trabalhar com catracas livres, sem cobrança de passagem.
Lamentavelmente, quando os rodoviários se mobilizam para lutar por melhores condições de trabalho, que é uma luta direta e legítima pela melhoria na qualidade do transporte, os meios de comunicação, a serviço dos empresários do transporte público, tratam de marginalizar a luta desses trabalhadores, optando por focar no prejuízo pontual que a greve causa à população, sem mencionar os prejuízos permanentes provocados todos os dias pelo sucateamento do transporte público.
Como se não bastasse a campanha midiática de marginalização do movimento, na manhã da terça-feira, 28, o prefeito de Porto Alegre José Fortunati (PDT), numa clara tentativa de deslegitimar a mobilização, afirmou ser a greve “combinada” entre trabalhadores e empresários, com base em mentiras. Fortunati afirmou não ter havido piquetes nos pátios das empresas, o que se contrapõe a fotografias e notícias propagadas pela mídia alternativa e pelos próprios trabalhadores nas redes sociais. Trata-se, portanto, de uma tentativa torpe de enfraquecer a legítima mobilização dos trabalhadores rodoviários da capital gaúcha.
Ainda na mesma tarde, a vice-presidente do TRT da 4ª Região e presidente da Seção de Dissídios Coletivos, desembargadora Ana Luiza Heineck Kruse, em ação ajuizada pela Prefeitura, determinou a ampliação do percentual da frota em circulação, de 30% para 70% em horários considerados “de pico”, interferindo na organização sindical e no livre exercício do direito de greve dos trabalhadores rodoviários, constitucionalmente garantido.
A diretoria do Sintrajurn, diante dos absurdos acima mencionados, manifesta apoio total e irrestrito à greve dos trabalhadores rodoviários de Porto Alegre, no entendimento de que o direito a um salário digno, a melhores condições de trabalho e à melhoria da qualidade no transporte público é uma luta de toda a sociedade. Repudiamos, assim, as ações dos meios de comunicação, do governo municipal e dos empresários do transporte, que visam deslegitimar a mobilização, jogando a população contra a greve e contra os trabalhadores, assim como manifestam frontal discordância com a decisão proferida pela Seção de Dissídios Coletivos do TRT da 4ª Região, em clara interferência do poder judiciário na autonomia do movimento sindical e na liberdade de exercício do direito constitucional de greve.
Diretoria do Sintrajurn
Clique Aqui para voltar.